Uma meditação inusitada, por Helton Azevedo.
Em contato com a meditação por anos, hoje, a meditação é algo que faz parte da minha vida. Nem sempre foi uma relação tranquila, as percepções do que é a meditação foi mudando ao longo dos anos, assim como a forma de meditar. Diz-se que é esperado passar pela paixão e pela frustração para que o entendimento possa só então, sedimentar de uma maneira singular. Em um primeiro momento houve uma meditação repleta de expectativas e promessas, as quais não chegaram. O conto da iluminação e paz de espírito no futuro, e eu sempre aquém, em débito sobre o que fazer para alcançar tal lugar. Um ciclo infinito, que com o tempo trouxe frustração e dúvida se realmente é possível paz de espírito.
Porém, da descrença surge a necessidade de criar novas maneiras de enxergar a meditação. Se primeiro, ela foi andar de bicicleta, hoje está mais para um momento de pausa. Andar de bicicleta pode ser visto como uma técnica, algo que se faz e melhora com o tempo, na lógica de que quanto mais treino melhor, uma visão comum que temos em nossa cultura, de esforço para alcançar uma meta. A meditação hoje assume esse lugar e como consequência do esforço o resultado é: mais foco; melhor sono; mais produtividade; riqueza interior e paz de espírito. Afinal, quem não deseja essas coisas? Esse pensamento é tão comum que a princípio não há nada de errado nessa lógica. Porém, por mais que desejemos, a vida não vem com manual de instrução. A pausa é a meditação, um momento reflexivo e não produtivo, pode tornar-se produtivo de forma indireta, entretanto sua base é não produção ou o ócio.